Que.Me.Dói.

Dói viver sem ti.
Dói ver-te a cara nos meus olhos diante,
Mas não a sinto mais do que em visão,
De ti não me queres mais a ter, de mim queres distância.

Acabámos perante existência reles de coração sem noção.
Detesto-te, detesto-me por te detestar.
Amei-te muito, não posso continuar a amar.
Mas amarei, sinto-o aqui dentro.

Procuro o que tens em que desconhece,
Não saberão que por dentro estou partida, perdida.
Há quem ache que jamais vou partir, 
Outros acham que rapidamente te substituirei.

Verdade que também tu achas e aproveitas saber que continuo aqui, 
cansada, e profanada de sentimentos que me esvaziam ao invés de encher.
Afasto-me de tudo, deixo fendas isolarem-me, perco amigos.
Crio espaços para mais espaço ficar, não me apetece intimidade.

Mil carícias ficaram feitas para ti, mil beijos na tua boca.
Perdidos no passado, tempo que consigo quase tocar mas falha-me nas mãos.
Tento agarrar, tão palpável imagino ser, mas falha-me os braços.
Perco tudo de uma só vez. 



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