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A mostrar mensagens de maio, 2023

Tóxico

A rapidez com que somos tóxicos.  Desarmar o outro com o que sabemos que o vai magoar, somos criminosos neste sentido.  Podemos dizer que não o quisemos desta forma, o outro chorou, mas não foi nessa intenção.  Não terá sido? Foi consciente, foi negligente.  A intenção está lá, escondida nos meandros do que nos magoa. Ver o outro desarmado com a informação que lhe depositamos, com o que sabemos que o mais certo é magoar, no entanto deitamos cá para fora, esperamos na reação a confirmação do que fizemos ou não fizemos. Todos temos a capacidade de ser tóxicos, e esta proeza é assustadora. Se sabemos o que provoca a felicidade nos outros, decerto que também sabemos o que os pode destruir.  Ser tóxico será o traço que menos nos orgulhamos de ter, mas talvez o mais fácil.  Depositar o que nos carrega tristes no que o outro possa sentir, se ser tóxico é bom, eu prefiro ser má.  

Partilhar ou Íntimo

Creio ser hoje a definição de íntimo o não partilhar. Parece tão fugaz, quase um risco, claramente um risco, não registar o momento, somente na mente, fica a imagem mental. Nunca será como na realidade o foi, mas como se a fotografia ou vídeo fossem o que na verdade foi. Na realidade foram tantas as realidades que ali couberam, com quantos olhos a viram e quantos pensamentos tiveram. Mas é isso, o risco de não registar. O risco de se perder na memória, porque já ninguém se fia na memória. Mas na verdade é na memória que procuro o que mais me é importante. É la que cabe tudo o que me ocupa. Creio ser hoje a definição de importante o que não se escolhe partilhar. 

O Pior Sítio.

Sinto sempre que o pior sítio é em nós. Perder-me na imensidão do que tenho para me dar.  É um sítio sem espaço físico mas fisicamente afecta-me, as mãos a suar, o coração a bater rápido, o medo do desconhecido.  O desconhecido sou eu, conheço-me tão bem mas sinto que por vezes nunca me percebi.  Sinto que há tanto que desconheço de mim, e tenho medo dessa pessoa.  Eu sou várias coisas, sou demasiadas coisas, mas também me esqueço de as ser.  Sinto-me confortável quando esqueço quem sou, sou apenas os momentos e não a pessoa.  Neste momento, sou mais pessoa que momento, e isso assusta-me.  Não me deixes sozinha comigo, por favor.  Está calor sinto frio,  no espelho pouco reconheço a pessoa que vejo.  Estou entre o limbo de um momento bom e um momento péssimo, essa é a pessoa que sou.