Escuro.

Perdi a fome.
Perdi o rumo.
Perdi o sentido.
Perdi-me.

Sinto um imenso vazio,
ter-me-ei perdido aí,
exactamente nesse vazio.
Vazio esse sem designação.

Procurar não é solução.
Procurar por sítio inexistente.
Sítio imaginado, nunca antes inventado.
Local sem pertença, mas que outrora foi casa.

Paredes pintadas, de memórias e risos eternos.
ecoam dentro de mim como sombras do passado.
Obrigam-me a perceber uma felicidade não mais real.
Distante ao ponto de nem horizonte mais ser.

Pergunto-me este sentimento infeliz,
porque me procura,
porque me quer tanto,
porque não escolhe outro quem atormentar.

Não posso mais pedir por compreensão.
Uma mensagem é o suficiente para rebentar em choro.
Não peço mais.
Sou eu e o escuro.

Mas é no escuro que me conforto.
Aqui ninguém me julga.
Aqui ninguém me vê.
Confundo-me com a parede outrora pintada.

A única diferença é que esta, está estragada.







Casa do Alentejo
Lisbon, Portugal


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