Descartável.


Até que ponto és descartável, pergunto.

Estou ciente do carácter desumano desta pergunta, destas palavras, mas não é esta frase tão verdade quanto horrível?

Acredito que sim. Acredito que infelizmente todos acabamos por ser descartáveis. Tanto o é, que já todos o fomos, já nos descartaram, seja no trabalho, seja numa amizade, seja no amor. E já descartámos também. Fizemo-lo porque havia melhor, porque não nos dava jeito, porque não precisámos mais, porque deixámos de querer.

Descartar alguém pode ser e o melhor é que o seja feito, sinalagmaticamente, um acordo de descarte entre ambos. Um desprezo bilateral.

Mas muitas vezes não é. A maior parte das vezes é feito de forma lenta e bastante apercebida por quem está a ser descartado. Vai-se esperando que não seja esse o cenário, espera-se que seja por falta de tempo, por desorganização, mas não por não nos quererem mais.

Somos humanos, somos alguém que nasceu e está cá há certo tempo e que espera ter um lugar especial em qualquer sítio. Que haja alguém que pense em nós, que nos queira, que deseje estar na nossa companhia, que beba da nossa vivência, que queira partilhar tempo connosco. Não que nos descartem como se fôssemos um erro, mesmo que tenha sido apenas pelo bom momento que se passou. Descartar-nos...soa a algo que não é humano. Torna-nos descartáveis.

E a barreira entre o sentir e o tornarmo-nos descartáveis, será como hoje defino as pessoas do agora, passámos todos a sê-lo. Quando antes somente o sentiamos.

Somos descartáveis.





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