Inside.Panic

Olá leitores, espero que esteja tudo bem convosco (lembrei-me de ter esta gentil e coloquial atitude para com os que me lêem)! Até porque tento imaginar-vos a ler isto, e tenho a dizer que é sempre bom saber que há pessoas verdadeiras do outro lado do device electrónico, a ler estes meus textos ahah! E quem sabe até a gostar destes conjuntos de palavras que eu tento que tenham sentido, vá.

Sabem aquelas perguntas que fazemos à nossa avó, pai, tia, aquelas em que começamos a frase com um "tenho uma pergunta séria a fazer"? Pois eu hoje perguntei uma à minha mãe. E como eu, não sei porquê, sinto que nesta vida há um número limite de perguntas destas, que podemos fazer às pessoas mais importantes da nossa vida, eu agarrei esta oportunidade, e com um nervoso miudinho disse "Mãe, quando tu vês o pai sentes um pânico na barriga?" 

Sempre que faço uma pergunta sobre o sei que a minha mãe fica ferida, e por isso tento não falar muito sobre o assunto. Pais divorciados tem destas coisas, uma família fica destruída e há sempre dois lados da história, duas pessoas que tentaram construir algo eterno ou com esse propósito, pelo menos, mas que muito infelizmente a incompatibilidade venceu a guerra. A minha mãe respondeu com ar derrotado que sim, dói-me imenso ver, sim, porque se vê a dor que a minha mãe sente. Eu como filha de um casamento arruinado, sinto-me como parte de uma experiência de laboratório que não correu como o esperado, antes pelo contrário, correu mal, por isso os cientistas que a testaram decidiram não se dar mais e até ignorar que cada um existe neste mundo. 

Gastei uma das minhas perguntas sobre a vida, porque tinha passado naquele momento alguém que me pareceu a pessoa que eu quero por tudo fingir que não existe. Felizmente que nenhum de nós era cientista apenas estudante, pelo que a responsabilidade foi menor. A verdade é que com 21 anos eu já tenho essa pessoa na minha vida. Pessoa que a minha mãe tem com a sua meia idade e que lhe causa também esta chama de descontrolo e ansiedade. É um sentimento igualzinho àquele que se tem quando perdemos a chave de casa, ou o telemóvel de 600 euros com todas as fotos das viagens que fizemos e contactos que jamais serão reavidos. Como é que alguém pode apenas com a sua presença ter este tipo de efeitos em nós? Torna-se talvez dos pontos mais fracos de uma pessoa, aquele em que a dor é automática e muito profunda. E, o engraçado, é que acho que a dor permanece igual ao longo da vida, apenas lhe vão caindo em cima novos sentimentos e histórias que vamos tendo, e que quase sufocam essa dor, mas quando voltamos a olhar para ela, ela aumenta de seguida, até nos ultrapassar em dimensão, deixando-nos pequeninos ao seu lado...Esta dor mostra-nos que tudo é falível, que nada tem de bater certo, e que quando isso acontece foi a vida que assim o permitiu. 

Com 21 anos sei que tenho uma vida a passar à minha frente e a convidar-me para entrar, com imensas portas sempre a abrir e a fechar, num passeio rolante que espero que não tenha fim, mas estas derrotas fazem com que queiramos desistir, porque parecem um aviso de que nada é como queremos e que ainda há pior por aí, e qual é a vontade depois disto de querer ser cientista? Não sei, mas por isso não fui para ciências.


 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Loucura.Insana.

Está A Faltar Amor Na Minha Vida

Parte à Parte